Em novembro de 2022, a JBS anunciou a antecipação de suas metas relacionadas ao desmatamento, com o objetivo de eliminar completamente o desmatamento de sua cadeia de fornecimento na Amazônia até 2025 — inclusive entre fornecedores indiretos. No entanto, isso ocorreu após serem criticados por anunciarem em 2021 metas ainda mais distantes. Vale lembrar que a JBS já tinha um compromisso com desmatamento zero na Amazônia, que deveria ter sido atingido até 2011
As emissões de metano da JBS superam as de qualquer outra empresa do setor de carne e laticínios, segundo relatório da organização Changing Markets. A estimativa do relatório é de que as emissões da JBS excedam as emissões de metano do gado da França, Alemanha, Canadá e Nova Zelândia combinados, ou correspondam a 55% das emissões do rebanho bovino dos Estados Unidos.
A JBS admitiu ter comprado 8.785 cabeças de gado de três fazendas pertencentes a Chaules Volban Pozzebon, após denúncia do Greenpeace Brasil, Repórter Brasil e Unearthed. O fazendeiro foi preso e inicialmente condenado a 99 anos de prisão por múltiplos crimes, incluindo extração ilegal de madeira, sendo considerado o maior desmatador do país. Além disso, foi condenado por usar mão de obra escrava em uma de suas propriedades. As compras eram registradas como tendo origem em outra fazenda, do mesmo proprietário, que estava liberada pelos critérios socioambientais.
Investigação da Repórter Brasil mostrou que a JBS têm fornecedores de grãos que produziram em áreas desmatadas na Amazônia e no Cerrado. A reportagem aponta que a empresa comprou soja de fazendeiros desmatadores do Mato Grosso para produzir ração consumida em seus aviários. No estudo, também foram rastreadas vendas de produtores de milho de fazendas irregulares diretamente para a JBS.
Gado da terra indígena mais desmatada do Brasil abasteceu a JBS, segundo pesquisa da Repórter Brasil. O estudo indica que animais criados em fazendas dentro da TI Apyterewa, no Pará, foram transferidos para uma segunda propriedade sem passivos ambientais antes de serem vendidos para a empresa. A prática, conhecida como “lavagem de gado”, permite que animais com "origem suja" entrem no mercado sem serem identificados propriamente.
Análise técnica realizada pelo Center for Climate Crime Analysis (CCCA) mostra que o fornecimento de carne do Grupo Casino, feito pela JBS, está ligado ao desmatamento e a violações de direitos dos povos que habitam a Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau (RO). O estudo aponta a ocorrência de desmatamento na cadeia de três frigoríficos controlados pela JBS, totalizando cerca de 50 mil hectares de floresta derrubada — cinco vezes o tamanho da cidade de Paris. O estudo ajuda a embasar uma ação que busca responsabilizar o grupo francês por possíveis danos ambientais e violações de direitos de povos indígenas e comunidades tradicionais no Brasil.
Uma fazenda localizada dentro da Floresta Nacional de Itacaiúnas, no sudeste do Pará, fazia parte da cadeia produtiva da JBS, segundo denúncia da OCCRP (Organized Crime and Corruption Reporting Project). A organização aponta que esse gado foi enviado a propriedades fora da área protegida, que forneciam diretamente aos frigoríficos da empresa.
Um estudo da Global Witness revelou que auditorias falhas realizadas pela empresa norueguesa DNV-GL, entre 2016 e 2019, ocultaram a real exposição da JBS ao desmatamento na Amazônia. Segundo a investigação, a JBS continuou comprando de 144 fazendas paraenses com irregularidades que já haviam sido expostas, descumprindo acordo com o MPF. O estudo afirma que a DNV-GL deixou de auditar a empresa e alegou que restrições nas metodologias das auditorias podem ter explicado as discrepâncias encontradas entre o estudo da Global Witness e os resultados das auditorias.
A JBS concordou em pagar 5 milhões de reais a um fundo da Secretaria de Meio Ambiente do Pará após o Ministério Público Federal apontar resultados insatisfatórios em auditorias do TAC da Carne. O MPF aponta que os resultados da empresa foram insatisfatórios em duas rodadas de auditorias realizadas sobre o acordo, mas a JBS contestou a sua metodologia. No acordo, a empresa ainda se comprometeu a realizar auditoria de 100% das compras de gado no Pará e abrir dois “escritórios verdes” no estado.
O Ministério Público Federal apontou que a JBS apresentou 32% de índice de inconformidade na auditoria realizada no estado do Pará. Foi o pior resultado da empresa nas avaliações sobre a implementação do TAC da Carne, acordo que a JBS e outros frigoríficos mantêm com o MPF para coibir o desmatamento na região amazônica.
