A JBS provavelmente não conseguirá cumprir seu compromisso emblemático de erradicar o desmatamento de sua cadeia de suprimentos na Amazônia até o final de 2025, conforme descrito em nova investigação do The Guardian, Repórter Brasil e Unearthed, a unidade de jornalismo investigativo do Greenpeace Reino Unido. A investigação é baseada em dezenas de entrevistas com produtores da vasta cadeia de suprimentos da JBS na Amazônia, incluindo um funcionário da JBS. Nas reportagens, os pecuaristas descreveram um sistema “repleto de lacunas”, com a maioria afirmando que uma cadeia de fornecimento rastreável e livre de desmatamento até o final deste ano era impossível de ser alcançada.

A JBS não alcançou o nível satisfatório segundo o primeiro ciclo unificado de auditorias do TAC da Carne, em que os procedimentos para verificação do cumprimento do acordo entre os frigoríficos e o Ministério Público Federal foram padronizados para todas as empresas. Conforme divulgado pelo MPF, o frigorífico registrou 6,17% de inconformidades em suas compras no Pará, excedendo o limite máximo de 5% previsto naquela fase do acordo. Em Rondônia, o nível de inconformidade chegou a 12%.

Em novembro de 2022, a JBS anunciou a antecipação de suas metas relacionadas ao desmatamento, com o objetivo de eliminar completamente o desmatamento de sua cadeia de fornecimento na Amazônia até 2025 — inclusive entre fornecedores indiretos. No entanto, isso ocorreu após serem criticados por anunciarem em 2021 metas ainda mais distantes. Vale lembrar que  a JBS já tinha um compromisso com desmatamento zero na Amazônia, que deveria ter sido atingido até 2011

Um estudo da Global Witness revelou que auditorias falhas realizadas pela empresa norueguesa DNV-GL, entre 2016 e 2019, ocultaram a real exposição da JBS ao desmatamento na Amazônia. Segundo a investigação, a JBS continuou comprando de 144 fazendas paraenses com irregularidades que já haviam sido expostas, descumprindo acordo com o MPF. O estudo afirma que a DNV-GL deixou de auditar a empresa e alegou que restrições nas metodologias das auditorias podem ter explicado as discrepâncias encontradas entre o estudo da Global Witness e os resultados das auditorias.

A JBS concordou em pagar 5 milhões de reais a um fundo da Secretaria de Meio Ambiente do Pará após o Ministério Público Federal apontar resultados insatisfatórios em auditorias do TAC da Carne. O MPF aponta que os resultados da empresa foram insatisfatórios em duas rodadas de auditorias realizadas sobre o acordo, mas a JBS contestou a sua metodologia. No acordo, a empresa ainda se comprometeu a realizar auditoria de 100% das compras de gado no Pará e abrir dois “escritórios verdes” no estado.

O Ministério Público Federal apontou que a JBS apresentou  32% de índice de inconformidade na auditoria realizada no estado do Pará. Foi o pior resultado da empresa nas avaliações sobre a implementação do TAC da Carne, acordo que a JBS e outros frigoríficos mantêm com o MPF para coibir o desmatamento na região amazônica.